Arquitetura e cinema: filmes que todo arquiteto deveria assistir

26.02.2025
A arquitetura sempre teve forte influência no cinema, seja nas histórias ou construções de cenários.
O que o cinema e a arquitetura têm a ver? Para nós, tudo! Desde o início, quando os filmes eram mudos, a arquitetura já se destacava a partir de cenários únicos. Além disso, em muitos casos, a criação dos roteiros se dá a partir de profissionais da arquitetura, de ambientes e de cidades. No conteúdo de hoje, aproveitamos a indicação de “O Brutalista” ao Oscar para falar um pouco mais sobre como os temas andam juntos.
Confira nossa seleção de filmes que todo arquiteto deveria assistir!
1. O Brutalista - Brady Corbet (EUA)
Seria impossível falarmos em indicações de filmes sem mencionar o mais novo aclamado dos críticos, “O Brutalista”. O longa é candidato nas principais categorias do Oscar deste ano, como “Melhor Filme”, “Melhor Diretor” para Corbet, “Melhor Ator” para o protagonista Adrien Brody e muitas mais – são 10 indicações no total.
Vencedor do Festival de Cinema de Veneza, do BAFTA Awards (British Academy of Film and Television Arts) e de muitos outros prêmios, o filme retrata a história do arquiteto ficcional László Tóth, um sobrevivente do Holocausto, recomeçando nos Estados Unidos onde busca o famoso “sonho americano”.
Antes da guerra, Tóth foi um aluno brilhante da escola de design Bauhaus, na Alemanha. Ele trabalhou como arquiteto e projetou construções públicas modernistas na capital da Hungria, Budapeste. Nos Estados Unidos, quando ele finalmente consegue voltar a trabalhar como arquiteto, é apadrinhado pelo empresário Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce) para desenvolver um grandioso monumento.
Entretanto, ao longo do filme, acompanhamos a obsessão do profissional com o grande projeto, ao mesmo tempo em que percebe que o mito americano se trata realmente de um mito. O personagem, inspirado na arquitetura brutalista, vai aos poucos percebendo como não é bem-vindo enquanto imigrante. Conforme pontua o diretor “O filme mostra como a experiência dos artistas e imigrantes marcha em sintonia. De forma geral, se alguém se mudar para uma cidade suburbana dos Estados Unidos e não se parecer com mais ninguém, devido à cor da sua pele ou às suas crenças ou tradições, todos irão querer que eles... saiam.”
2. Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual - Gustavo Taretto (Argentina)
Nem só de Hollywood é feito o cinema. Neste caso, convidamos os arquitetos a embarcarem em uma jornada de amor em Buenos Aires, no filme “Medianeras”, dirigido por Gustavo Taretto.
No romance, se destacam quatro pilares: a cidade de Buenos Aires, com sua energia imprevisível, mas também atrativa; a solidão urbana, a convivência diária com desconhecidos perfeitos, que são indiferentes entre si; a falta de comunicação e como a tecnologia, pensada para nos conectar, paradoxalmente nos separa; e, por fim; o amor, na dificuldade de duas pessoas que vivem na mesma quadra e são "almas gêmeas" se encontrarem.
A história acompanha a arquiteta Mariana, recém-separada, e o programador Martín, com fobia social e vício no mundo digital. Os dois moram um em frente ao outro, no mesmo quarteirão, mas nunca se encontram. Assim, a cidade aparece como plano de fundo, os unindo ao mesmo tempo em que separa.
3. Aquarius - Kleber Mendonça Filho (Brasil)
Nesta indicação, o foco está na arquitetura, mas especialmente na especulação imobiliária. Aquarius, com a grandiosa Sônia Braga de protagonista, conta a história da jornalista aposentada Clara (Sônia), que luta para manter seu apartamento à beira-mar na praia da Boa Viagem, em Recife. Ela é a única das proprietárias do Edifício Aquarius que não vendeu sua unidade para uma construtora, interessada em demolir o prédio para fazer uma construção moderna no local.
Incluído na seleção oficial do Festival de Cannes em 2016, o longa do renomado diretor brasileiro Kléber Mendonça Filho traz um olhar entre o antigo e o novo, o passado e o futuro. Mais do que isso, a partir da força da sua personagem principal, ele também nos leva a reflexões sobre ética, nostalgia e as relações humanas.
4. Parasita - Bong Joon-ho (Coreia do Sul)
Vencedor do Oscar de “Melhor Filme” em 2020, o filme sul-coreano “Parasita” traz a arquitetura como uma das principais características para representar as diferenças entre classes sociais na Coreia do Sul.
O filme utiliza o design dos espaços para contrastar os mundos dos personagens, evidenciando a desigualdade social de maneira sutil, mas poderosa. A casa da família Park, um símbolo de luxo e modernidade, foi projetada para transmitir sofisticação e exclusividade, com amplos espaços, iluminação natural e uma organização que reforça a hierarquia social.
Já o porão claustrofóbico – fundamental para o plot twist do filme - e a casa precária da família Kim refletem a vulnerabilidade e a luta diária da classe trabalhadora, destacando como a arquitetura influencia a percepção de status e poder dentro da trama.
Além de contribuir esteticamente, a arquitetura em Parasita funciona como um elemento narrativo que guia a tensão do enredo. A disposição dos espaços e a hierarquia dos ambientes reforçam a distância entre os ricos e os pobres, mostrando como a mobilidade social é limitada. Enquanto a casa dos Park é elevada, física e simbolicamente, a residência dos Kim está situada abaixo do nível da rua, sujeita a enchentes e a uma realidade opressora. Essa construção espacial reforça o impacto visual da desigualdade e aprofunda o comentário social do filme, tornando a arquitetura uma peça essencial para a mensagem crítica que Bong Joon-ho transmite ao espectador.
5. Edifício Master - Eduardo Coutinho (Brasil)
Documentário brasileiro, que tem como personagem principal o Edifício Master. Para o longa, Eduardo Coutinho e sua equipe conversaram com 37 moradores de um enorme edifício de apartamentos em Copacabana durante três semanas.
Com 12 pavimentos e 23 apartamentos por andar, o edifício, onde moram cerca de 500 pessoas é o cenário para as histórias dos entrevistados por Coutinho. Filmado no interior dos apartamentos, sem a presença de cenas exteriores e com o foco na narrativa dos residentes, Edifício Master traz personagens da vida real, com narrativas relevadoras, memórias e situações cotidianas.
Desta forma, a arquitetura é essencial para a construção da identidade do documentário, funcionando como um microcosmo da diversidade social e humana do Rio de Janeiro. A disposição claustrofóbica dos pequenos apartamentos contrasta com a imensidão da cidade lá fora, reforçando o sentimento de confinamento e intimidade das entrevistas.
A arquitetura do edifício não é apenas um cenário, mas um elemento narrativo que evidencia a relação entre espaço e subjetividade, destacando como a moradia molda e reflete as vidas de seus habitantes.
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